Atualizado:
04/08/2013 08:25 | Por LEONÊNCIO NOSSA, ENVIADO ESPECIAL,
estadao.com.br
Perto de completar meio século
sob o domínio do grupo do senador José Sarney (PMDB-AP), com poucos intervalos
de governos opositores, o Maranhão não teve fôlego para acompanhar os demais
Estados na melhoria dos índices sociais.
O
Atlas do Desenvolvimento Humano da ONU mostrou que, das 50 cidades brasileiras
com menor renda per capita, 28 são maranhenses.
Nas últimas três décadas, a
expectativa de vida na terra da oligarquia mais antiga em atividade passou de 54 para 68 anos, mas o crescimento foi menor que no restante
do País.
Nesse
ranking do IBGE, o Estado caiu de 23.º para o último lugar, ocupando espaço que
antes era de Alagoas, terra da seca e pistolagem.
Um
dos exemplos mais dramáticos da situação do Estado está em Fernando Falcão, a
542 km de São Luís.
A
cada oito dias, moradores fazem "vaquinha" para comprar e matar um
boi. Esse "luxo" não é compartilhado por quem vive em situação ainda
pior nos casebres de palha afastados do interior, que não podem contar nem
mesmo com serviços temporários e de baixa remuneração da prefeitura. Para a
maioria dos 9 mil habitantes do município que aparece em segundo lugar no
ranking de pior renda per capita do País, o único alimento possível no prato é
a fava. A vagem que garante proteína é comum na região. O município só perde em
renda para Melgaço, no Pará, e ocupa ainda a segunda pior colocação no Índice
de Desenvolvimento Humano nacional, atrás de Marajá do Sena, também no
Maranhão.
A lavradora Laiane Alves Lima,
de 22 anos, se queixa da falta de um pediatra no município. Quando a filha
Adriele, de 1 ano, passa mal, ela tem dificuldades de levar a criança ao
hospital de Barra do Corda, a 95 km de estrada de chão - Fernando Falcão não
tem acesso por asfalto. "Aqui, quando adoece, o posto médico não dá
remédio. Não tem uma pomada para micose", relata. Laiane prepara a comida,
geralmente uma mistura de fava, num fogão improvisado em uma lata de tinta.
A política maranhense está
longe de recorrer ao crime de mando como outros Estados do Norte e do Nordeste,
mas a miséria de um lugar de mata de cocais e chuvas amazônicas, a ostentação
de riqueza e poder e as suspeitas de corrupção, temas dos discursos da primeira
campanha de Sarney ao governo estadual, em 1965, estão por toda a parte.
Dados do Portal da Transparência do Estado mostram que o governo de Roseana Sarney (PMDB), filha do senador, gastou no ano passado R$ 17,8 milhões com aluguel de helicópteros.
Só para comparar o uso do dinheiro público a um exemplo recriminado nas ruas, o governo do Rio, comandado por Sérgio Cabral (PMDB), gastou no mesmo período R$ 9,5 milhões com o uso dessas aeronaves.
Dados do Portal da Transparência do Estado mostram que o governo de Roseana Sarney (PMDB), filha do senador, gastou no ano passado R$ 17,8 milhões com aluguel de helicópteros.
Só para comparar o uso do dinheiro público a um exemplo recriminado nas ruas, o governo do Rio, comandado por Sérgio Cabral (PMDB), gastou no mesmo período R$ 9,5 milhões com o uso dessas aeronaves.
Desde os anos 1970, o grupo de
Sarney se sustenta com anúncios de obras "salvadoras" da economia.
Foi assim com a construção dos trilhos do Complexo de Carajás, a fábrica de
alumínio da Alcoa e a base espacial de Alcântara. "Os projetos não
agregaram valor nem garantiram a diversificação da cadeia produtiva.
O Maranhão é um rico que virou
miserável", observa o presidente da Embratur, Flávio Dino. Principal nome
da oposição ao grupo de Sarney, ele observa que, na primeira metade do século
20, o Maranhão contou com os ciclos do algodão e das fábricas de tecido, do
arroz, e do babaçu. "A economia tradicional foi desestruturada. Essa
modernização não deu certo e explica esses indicadores sociais
vergonhosos", afirma.
As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.