CATIA SEABRA
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
Na sua ausência, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) poderia convocar uma sessão do Congresso para instalar a CPI por ser a primeira vice-presidente do Legislativo. Mas a estratégia é convencê-la a não instalar.
"O que terá de ser feito vai ser feito. Mas vou ouvir os líderes primeiro. Se quiserem a instalação imediata da comissão, eu vou fazer", disse ela.
Integrantes da base de apoio da presidente Dilma Rousseff, temerosos do alcance da comissão, apostam que, com o adiamento, o clima pró-CPI pode esfriar.
No Rio, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho (PT), negou que Dilma esteja insatisfeita com a criação da CPI, como tem sido ventilado.
ESTRATÉGIA
Apesar de defender o retardamento das investigações, o PT nega intenção de barrar a CPI. A ordem é ganhar tempo para traçar um plano decidir a composição da comissão.
Com o adiamento, o partido também pode postergar a definição do relator da CPI.
Entre os cotados estão Odair Cunha (MG), Carlos Zaratini (SP), Paulo Teixeira (SP) e Henrique Fontana (RS). A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), responsável pela interlocução do governo com o Congresso, participa ativamente da escolha do nome.
O objetivo do Planalto é conter danos colaterais durante as investigações.
Os petistas querem restringir as investigações ao período 2009-2011 para evitar que o escândalo do mensalão, que veio à tona em 2005, volte a ser tratado em uma CPI.
Outra determinação é focar as ligações do empresário Carlos Cachoeira com membros da oposição.
Líder do PT na Câmara, Jilmar Tato (SP) defendeu a convocação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mas disse não ser "razoável" ouvir o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) --ambos suspeitos de ligação com Cachoeira.
E disse não ser necessário convocar o ex-ministro José Dirceu. Em 2004 foi divulgado vídeo em que Waldomiro Diniz, então assessor de Dirceu, cobrava propina de Cachoeira.