Estudantes de Jornalismo protestam por diploma em São Luís no Festival Guarnicê

Os acadêmicos de jornalismo da Faculdade São Luís, protestam na noite desta sexta-feira contra o fim da exigência do diploma universitário para o exercício da profissão. Os alunos criaram documento a ser lido num ato que ocorrerá no Centro de Criatividade Odilo Costa, Filho, a partir das 19h, aproveitando a ocasião do Festival Guarnicê de Cinema e Vídeo. No momento, em virtude da própria notoriedade do evento, estarão presentes jornalistas de todo o mundo.

Alunos da Ufma debaterão e carregando cartazes, irão protestar contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a obrigatoriedade. Chefes de diversas redações locais, já informaram à sociedade que nada muda na política de recrutamento de jornalistas. A exigência do diploma tinha sido imposta por um decreto-lei de 1969 e caiu por oito votos a um no STF na quarta-feira. Votaram contra a exigência do diploma o relator Gilmar Mendes e os ministros Carmem Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello. Marco Aurélio defendeu a necessidade de curso superior em jornalismo para o exercício da profissão. Os ministros Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito não estavam presentes na sessão.

Confira na integra o documento elaborado pelos alunos de jornalismo da faculdade, para expressar sua indignação:


CARTA DE SÃO LUIS
Os estudantes de jornalismo da Faculdade São Luis, em função da última decisão do Supremo Tribunal Federal depreciando o Diploma de Jornalismo no Brasil vem, aproveitando espaço do “Guarnicê”, expressivo evento sócio cultural em nosso país, realizado hoje em São Luis do Maranhão externar:

a) Difícil conceber que autoridades guindadas a função tão nobre, possam deixar de perceber o retrocesso que o ato representa, a importância do Jornalismo para a formação da sociedade brasileira, e, a venha depreciar, impondo o senso comum, instrumentalizando com a “ Cultura de Almanaque” Aos jornalistas cabe o dever de bem informar, bem informando, ajudar a construção de uma sociedade compatível com as necessidades que a modernidade do século XXI, do inicio do Terceiro milênio nos propõem.

b) O desconhecimento histórico da vida de nossas autoridades nos remete à reflexão do mesmo desconhecimento da sociedade, jogada em mãos dos que desconhecem, além do que “conhecem”, nos limites do que lhe é pedido ou mandado conhecer.

c) Não é a regra, mas já é muito grande e até insuportável o número de microfones, câmeras e “prelos” em mãos de cidadãos que fazem do “achismo” o instrumento de conquistas de mentes, votos, religiões, escolas em detrimento do conhecimento Acadêmico, pesquisado, estudado, analisado em todos os aspectos durante a preparação dos profissionais devidamente preparados para o exercício digno da profissão. Poderíamos argumentar os exemplos históricos de Max, Shoupenhaur, Maquiavel, Santo Agostinho, Kant, Hegel, Spinoza, Voltaire, Adorno, Horkheimer, Rousseau e tantos outros que participaram na construção da realidade jornalística de hoje, mesmo que não tenhamos que concordar com todos os seus pensamentos.

d) Sabemos que o momento covardemente só nos oferece a conformação à imposição, só nos resta imediatamente buscar no também combalido Congresso Nacional, espaço constitucionalmente legal, a elaboração de Projeto de Lei que venha corrigir os equívocos que uma corte impõe no corte das prerrogativas legais aos que se propõem e se preparam para servir com dignidade a sua sociedade, a sociedade do seu país.