Apesar do apoio de Dilma, projetos no Maranhão não saíram do papel

Clodoaldo Corrêa

Publicação: 15/01/2012 09:41

O PT deve confirmar a pré-candidatura do vice-governador Washington Oliveira, que tem maioria dentro da legenda. Com uma candidatura de peso pelo apoio dos governos estadual e federal; e uma “aglomerado” de partidos que dão sustentação ao governo Roseana Sarney (PMDB), é possível que a legenda chegue pela primeira vez ao comando da capital, um dos únicos patamares de oposição (ainda que discreta) ao governo Dilma Rousseff, no Maranhão. Mas se isso ocorrer, o que efetivamente ocorrerá de benefícios para a cidade?!

A governadora e seu grupo passaram a ser aliados do presidente Lula, ainda em 2006. Em 2010, com o auxílio da direção nacional petista, Roseana ganhou o apoio da legenda da estrela e firmou de vez a parceria entre o PMDB e o PT no Maranhão. O estado passou a ser um dos que dão maior sustentação ao governo da presidenta. Hoje, praticamente toda a bancada maranhense na Câmara Federal é de apoio ao governo Dilma.
Apenas dois deputados da bancada se elegeram em legendas adversárias ao governo do PT: o tucano Carlos Brandão, que cedeu a vaga ao pedetista Weverton Rocha (da base aliada); e a ex-democrata Nice Lobão, que se transferiu para o PSD, partido que nasceu aliado da presidenta.

A aliança PT-PMDB gerou também a garantia de dois ministros peemedebistas do Maranhão: Edison Lobão (Minas e Energia) e Gastão Vieira (Turismo). Até mesmo o principal nome da oposição ao governo Roseana no Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), é da base aliada de Dilma e gerencia um órgão federal; é presidente da Embratur.
No Maranhão, Dilma Rousseff teve 2.294.146 votos no segundo turno, equivalente a 79,09%, perdendo apenas para o Amazonas em termos percentuais favoráveis a petista.

O PT tem defendido que Washington prefeito é uma garantia de mais benefícios para a cidade, uma vez que o prefeito terá diálogo com o Estado e a presidência para trazer os benefícios para São Luís. Mas toda essa sustentação eleitoral e política a nível estadual até agora, ainda não demonstrou retorno por parte do governo federal aos maranhenses.
Aliados da presidente criticam a falta de apoio da presidenta para resolver problemas pontuais como a duplicação da BR-135, uma das principais reivindicações do Estado pelo índice de acidentes, foi adiada pelo DNIT por três vezes; e a reforma do aeroporto de Marechal Cunha Machado. A promessa é que a reforma termine em março deste ano. A duplicação da BR aguarda licitação.


Dividendos

Segundo o presidente do PT maranhense, Raimundo Monteiro, a ascensão do partido ao poder maior do país tem gerado bons dividendos ao Maranhão principalmente no campo social.
“Um povo pobre como o Maranhão, teve nas políticas sociais a maior atenção. O programa Luz Para Todos levou energia elétrica para muitos maranhenses que não tinham. O Bolsa Família ajuda milhares de famílias. Houve também a recuperação de muitas BRs no estado durante do governo Lula, além da ampliação do Porto do Itaqui e o Tegram”, afirmou.

Segundo Monteiro, as grandes obras ainda passam por dificuldades devido a crise econômica mundial. “A Refinaria Premium, por exemplo, é um investimento internacional. Ela envolve vários países e a crise na Europa atrapalhou um pouco. Esses adiamentos são naturais, mas não implica que a obra não sairá”, afirmou.
Já o único deputado federal do PT maranhense, Domingos Dutra, representante da ala anti-Sarney do partido, considera que o pouco que existe no Maranhão é fruto de programas federais e o estado não alavanca os grandes projetos pela inatividade do governo do Estado.

“Se tirarmos o Pronaf, o Seguro-Defeso, Bolsa Família, o Maranhão fica só a cumbuca. O grupo Sarney não usa a força que tem para corrigir os problemas”, mede o petista.
Dutra diz que o problema é que a bancada não se entende, pela falta de disponibilidade da liderança da bancada. “Não conseguimos nos reunir para discutirmos e cobrar soluções para problemas graves em nosso estado. Desde o século passado o deputado Sarney Filho é o líder da bancada. Nada contra o deputado, mas ele é líder do PV e se dedica muito à frente ambientalista. Conversamos ano passado para alterar a liderança para o Waldir Maranhão (PP), mas as negociações não avançaram. Tentamos o Sétimo Waquim (PMDB) e também não houve mudanças”, salientou.

Dutra lembrou que durante no final do ano, durante a sugestão de empenho de emendas parlamentares, todos os líderes de bancadas ficaram em Brasília brigando por mais emendas para seus estados, com exceção da bancada do Maranhão.
O Imparcial tentou contato com o deputado Sarney Filho (PV). A assessoria do parlamentar prometeu retorno, o que não ocorreu até o fechamento desta edição.

Pendências de Dilma no MA

Duplicação da BR-135
Esta é uma novela antiga. O trecho de 28 km, entre São Luís e Bacabeira, é um dos mais perigosos do Estado, e campeão de acidentes. Ano passado, o Ministério dos Transportes cancelou a Licitação da Obra por problemas no Projeto e adiou ainda mais o sonho da duplicação. A promessa de entrega é junho deste ano, o que dificilmente ocorrerá.

Base Naval
O governo federal encheu os olhos dos maranhenses também com a promessa de fazer aqui a primeira Base naval do Norte/Nordeste, com Submarinos, Porta-aviões e Caças. Estudos de viabilidade começaram a ser feitos, mas nada de concreto ainda sobre a Base.

Refinaria Premium
Orçado em R$ 100 bilhões, com o objetivo de produzir 600 mil barris/dia, esta pelo menos começou a sair do papel, mas os atrasos apareceram e as obras andam a passos lentos. Com a crise financeira ano passado, a Petrobrás preferiu priorizar as obras da Refinaria do Ceará em detrimento da maranhense. O prazo inicial que era para 2014, passou a ser até 2016.

Repasses para o NE
O Maranhão não avançou também no repasse de recursos federais no primeiro ano do governo Dilma Rousseff. Em 2011, o estado permaneceu na 4ª colocação em recebimento de repasses para o Nordeste.