Câmara de Ribamar e Governo Municipal na disparidade de interesses

A câmara de vereadores de São José de Ribamar, composta pelos 11 vereadores da casa que apoiam Gil Cutrim à reeleição, ainda não conseguiu o espaço desejado junto à atual administração. E o motivo, é claro: o governo de Cutrim não pensa na hipótese do vice vir do Legislativo. Falta de confiança nos vereadores da Câmara? Ou seria credibilidade? O fato é que mesmo apoiando a atual administração, os membros daquela casa sequer são cogitados nas composições de chapas visando às majoritárias. A razão vem de outras razões.

A Câmara reza a cartilha do Governo e fere os princípios da imparcialidade entre os poderes. Ou seja, os vereadores estariam comprometidos com a prefeitura assim como o Legislativo estaria comprometido com o Executivo, numa demonstração cabal de que os interesses pessoais suplantam o interesse público, isso em se tratando de São José de Ribamar. Um envolvimento que beneficiaria a atual administração que tem à frente Cutrim e que por outro lado também beneficiaria os vereadores.

Já no âmbito das eleições, o choque de interesses vem promovendo um desfile de farpas entre Governo e Câmara, onde alguns vereadores da base aliada de Gil Cutrim,a exemplo de Negão( mesmo partido do prefeito) e Lázaro( líder do Governo na Câmara) já parecem não entender as decisões da gestão do atual prefeito, tanto na esfera administrativa quando na governista. Negão, em seus pronunciamentos, critica o Governo de forma severa, fazendo campanha pelo vice, a ser anunciando em breve. Lázaro, por sua vez, toma o caminho inverso ao de líder do Governo, ao fazer afirmações ásperas da gestão Cutrim. Ao que parece a postura dos membros dos dois poderes não vem coadunando da mesma direção.

Sem oposição, a Câmara vem caminhando, mesmo engessada, rumo ao Governo Cutrim e ainda assim não consegue emplacar credibilidade quando o assunto é uma maior participação nas próximas eleições. A subserviência dos legisladores não convence o grupo político dominante a dar créditos de confiança aos vereadores locais. Igualmente ao município vizinho de Paço do Lumiar, a Câmara de Ribamar hoje sofre um esvaziamento de suas funções quando não apresenta um vereador que faça oposição ao atual Governo. O equilíbrio entre os poderes, escasseado pela ‘fusão’ entre os mesmos, mostra a ausência de distanciamento e probidade que desfavorece ao povo do município e que por outro ânguloestaria contemplando de forma individual os legisladores ribamarenses.

Descontentamento, incompatibilidade e insatisfação. A casa legislativa vive este cenário e não se insurge. Segundo um funcionário da prefeitura que preferiu não ser identificado, alguns secretários de governo estariam depreciando vereadores em proporções chulas, quando o assunto gira em torno da indicação do vice-prefeito. Burros, despreparados, incompetentes seriam os termos utilizados para afastar o coro daqueles que pretendiam ser o vice na chapa de Gil Cutrim . Consequência do silêncio dos parlamentares que legislam de acordo com as orientações da prefeitura. Agora basta saber qual a origem do cala a boca.