Lideres indígena voltam a cobrar apuração do caso de menina

O caso da criança indígena de oito anos da etnia Awá-Gwajá que teria sido queimada viva por
madeireiros no município de Arame, a 476 km de São Luís (MA), voltou a ser denunciada à
Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. A menina faleceu no
local em que ocorreu o crime.
A informação, inicialmente, foi divulgada pelo jornal "Vias de Fato", e foi confirmada pelo
representante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) no estado, Gilderlan Rodrigues da
Silva.
De acordo Gilderlan, a Fundação Nacional do Índio (Funai) foi alertada pelos Awá-Gwajá
várias vezes a respeito da proximidade dos madeireiros da região no território indígena, mas
não se mobilizou. "Qualquer questão de abuso contra os indígenas daqui pouco sai na mídia.
Os madeireiros são muito blindados pela imprensa para não sujar a imagem das invasões das
terras indígenas", disse o representante do CIMI, ao Informe JB. Os Jornalistas do "Vias de
Fato" acusam o senador José Sarney (PMDB-AP) de interferir na região para que os problemas
com os indígenas não sejam divulgados. Segundo eles, “A influência do senador José Sarney
(PMDB-AP) nos jornais locais é muito forte por isso, ele age o tempo todo para que os
problemas da questão indígena não sejam divulgados”, acusam os jornalistas.
O Conselho Indigenista informou que alguns membros da tribo já entraram em contato com
a Funai e com o Ministério Público. Eles procuram um índio que afirma ter filmado a criança
carbonizada, mas encontram dificuldade graças ao isolamento dos Awá-Gwajás. A tribo vive
numa região de difícil acesso e com receio de manter contato com o homem branco.
De acordo com o "Vias de Fato", a complacência da mídia e do poder público com os abusos
cometidos contra tribos indígenas e quilombolas no Maranhão é recorrente. Recentemente, um
quilombola maranhense teve seu poço d'água envenenado e vários animais morreram. A ação
teria partido de fazendeiros.
Em nota divulgada no inicio do ano, quando o caso aconteceu, o deputado Domingos Dutra
(PT-MA) presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias cobrou apuração rigorosa
sobre a morte de criança indígena awá-guajá no município de Arame, região central do
Maranhão.
Para o deputado – que se disse “chocado” com a notícia, “embora conheça de perto, há várias
décadas, a violência sofrida diariamente pelos povos indígenas” -, a Fundação Nacional do
Índio (Funai) não pode ficar “omissa e passiva” diante do caso.
“Causa espanto que o escritório local da Fundação Nacional do Índio (Funai) não tenha
noticiado ou iniciado uma investigação a respeito, através da Polícia Federal e dos demais
órgãos competentes”, disse Dutra na nota.
O parlamentar informou que já solicitou à Comissão de Direitos Humanos da Câmara – da
qual é vice-presidente – uma diligência ao local, entre outras providências. “Utilizarei todos os
instrumentos necessários para que este crime – que envergonha o Brasil enquanto Nação – não
fique impune”, afirmou o deputado.Os líderes indígenas estão cobrando apuração do caso.