Relatórios secretos revelam que SNI espionou o "aliado" Ulysses


Publicação: 09/09/2012 09:43 Atualização:
Ulysses: militares avaliaram que disputa no PMDB atrapalharia Sarney (Cece/CB/DA Press)
Ulysses: militares avaliaram que disputa no PMDB atrapalharia Sarney
Durante o regime militar, a oposição era monitorada pelos serviços de inteligência, especialmente o Serviço Nacional de Informações (SNI). Mas o órgão, que foi extinto em 1993, também espionava os principais líderes políticos no governo de José Sarney, já durante o período da redemocratização. Acervos do Conselho Nacional de Segurança, da Comissão Geral de Investigações (CGI), além do próprio SNI, mostram que um dos alvos foi o então deputado Ulysses Guimarães. Avaliação dos serviços de inteligência da época, feita em 1987, aponta que ele poderia causar crise partidária entre os aliados. Referiam-se ao fato de o parlamentar dirigir, ao mesmo tempo, o PMDB, a Câmara e a Assembleia Nacional Constituinte.
Ulysses era um dos principais aliados de Sarney, que havia sido alçado ao poder com a morte de Tancredo Neves, em 1985. Além disso, o deputado era um dos mais ferrenhos adversários do regime militar e comandava o seu partido. Mas, segundo os serviços de informações da época, ele era considerado pelos seus companheiros de partido como “autoritário”. Um dos fatos narrados em um documento de março de 1987 foi o início das negociações para a indicação do líder do partido na Constituinte. Um dos candidatos era o senador Mário Covas, que contava com a simpatia dos agentes, mas não agradava a Ulysses.