"Há evidências de que o programa social não funciona tão bem na zona urbana quanto nas áreas rurais." Essa é a conclusão da revista britânica The Economist sobre o Bolsa Família, carro-chefe do governo Lula. Em sua edição desta semana, a publicação cita dados das Nações Unidas e da Fundação Getúlio Vargas no longo artigo que fala sobre Os limites do admirado e copiado programa anti-pobreza do Brasil.
"O Bolsa Família parece ter um viés rural", enfatiza a revista, salientando que a incidência do programa é maior nessas regiões - 41% das famílias que ficam no campo estão cadastradas, enquanto nas cidades, esse número cai para 17%. "Nas duas maiores cidades, São Paulo e Rio de Janeiro, menos de 10% das famílias estão no programa. Contudo, essas cidades têm alguns dos piores índices de pobreza do país."
A Economist ressalva que esse sucesso nas áreas rurais é "natural e desejável", uma vez que a pobreza é maior no campo do que na cidade. Ainda assim, a zona urbana do país é considerada um problema. "Em termos absolutos, há tantas pessoas pobres nas áreas urbanas do Brasil quanto nas zonas rurais (porque o país é, em grande parte, urbano)."
Motivos - A revista cita, então, algumas razões que explicam o fato de o Bolsa Família atender mais a famílias rurais do que urbanas. A primeira delas é que quando o Bolsa Família (criado em 2003) substituiu uma série de outros benefícios concedidos a essas famílias, algumas delas passaram a ganhar menos - uma vez que o valor somado dos anteriores era maior do que o do programa atual. E como, "geralmente, o custo de vida nas cidades é maior do que no campo", os moradores das zonas urbanas acabaram ficando em "situação pior".
Em segundo lugar, de acordo com a publicação, o programa parece ter tido pouco sucesso na redução do trabalho infantil nas cidades. "Na verdade, seus dados sobre trabalho infantil têm sido bastante decepcionantes, mas o problema urbano parece ser ainda mais intratável". Isso porque, em zonas rurais, os pais levam os filhos para o trabalho em fazendas, em funções como plantio e colheita - para o qual muitas vezes não são pagos. Como o trabalho é temporário e não ocupa muito tempo, essas crianças conseguem conciliá-lo com as atividades escolares.
Já nas cidades, os pequenos ganham dinheiro na ruas, vendendo bugigangas e balas por exemplo, e isso faz com que as famílias percam o interesse pelo Bolsa Família e tirem os filhos da escola para trabalhar mais. "Seus rendimentos, muitas vezes, são maiores do que os modestos benefícios do programa."
Eleitoreiro - Por fim, The Economist destaca que, apesar de tudo, o Bolsa Família não pode ser visto como um "desperdício de dinheiro" nas cidades, apesar de também não ser uma "solução mágica", como tem sido tratado pelo governo Lula e alguns países. Para a publicação, é essencial que o Brasil pense em novos programas sociais para combater a pobreza e não dependa apenas deste - que, a revista lembra, está sendo muito citado por todos os candidatos à Presidência nas eleições deste ano.
"O Bolsa Família parece ter um viés rural", enfatiza a revista, salientando que a incidência do programa é maior nessas regiões - 41% das famílias que ficam no campo estão cadastradas, enquanto nas cidades, esse número cai para 17%. "Nas duas maiores cidades, São Paulo e Rio de Janeiro, menos de 10% das famílias estão no programa. Contudo, essas cidades têm alguns dos piores índices de pobreza do país."
A Economist ressalva que esse sucesso nas áreas rurais é "natural e desejável", uma vez que a pobreza é maior no campo do que na cidade. Ainda assim, a zona urbana do país é considerada um problema. "Em termos absolutos, há tantas pessoas pobres nas áreas urbanas do Brasil quanto nas zonas rurais (porque o país é, em grande parte, urbano)."
Motivos - A revista cita, então, algumas razões que explicam o fato de o Bolsa Família atender mais a famílias rurais do que urbanas. A primeira delas é que quando o Bolsa Família (criado em 2003) substituiu uma série de outros benefícios concedidos a essas famílias, algumas delas passaram a ganhar menos - uma vez que o valor somado dos anteriores era maior do que o do programa atual. E como, "geralmente, o custo de vida nas cidades é maior do que no campo", os moradores das zonas urbanas acabaram ficando em "situação pior".
Em segundo lugar, de acordo com a publicação, o programa parece ter tido pouco sucesso na redução do trabalho infantil nas cidades. "Na verdade, seus dados sobre trabalho infantil têm sido bastante decepcionantes, mas o problema urbano parece ser ainda mais intratável". Isso porque, em zonas rurais, os pais levam os filhos para o trabalho em fazendas, em funções como plantio e colheita - para o qual muitas vezes não são pagos. Como o trabalho é temporário e não ocupa muito tempo, essas crianças conseguem conciliá-lo com as atividades escolares.
Já nas cidades, os pequenos ganham dinheiro na ruas, vendendo bugigangas e balas por exemplo, e isso faz com que as famílias percam o interesse pelo Bolsa Família e tirem os filhos da escola para trabalhar mais. "Seus rendimentos, muitas vezes, são maiores do que os modestos benefícios do programa."
Eleitoreiro - Por fim, The Economist destaca que, apesar de tudo, o Bolsa Família não pode ser visto como um "desperdício de dinheiro" nas cidades, apesar de também não ser uma "solução mágica", como tem sido tratado pelo governo Lula e alguns países. Para a publicação, é essencial que o Brasil pense em novos programas sociais para combater a pobreza e não dependa apenas deste - que, a revista lembra, está sendo muito citado por todos os candidatos à Presidência nas eleições deste ano.