Índios protestam contra invasão de terras em Zé Doca

Índios da etnia Awa-Guajá, estão protestando contra a invasão de suas terras na região central do Maranhão. Por decisão judicial, a demarcação da terra está parada, e os índios nômades pela primeira vez saíram das tribos para pedirem providências.

Veja, ao lado, na reportagem de Sidney Pereira e Elson Paiva.

Os Awa-Guajás são caçadores coletores. Dependem exclusivamente da floresta para sobreviver, e estão entre os últimos índios nômades do mundo, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Eles vivem isolados, em pequenos grupos, no que sobrou da Floresta Amazônica no Maranhão.

Aproximadamente 100 índios, organizados pelo Cimi e pela Igreja católica, saíram da floresta, na maioria, pela primeira vez, para mostrar que existem. Os indígenas montaram acampamentos no Centro do município de Zé Doca, na região Oeste do Maranhão. A ocupação seria uma reação contra o prefeito do município, Raimundo Nonato Sampaio, que, numa estratégia para barrar a demarcação das terras, teria negado a existência das tribos nômades.

Em 1985, uma área do 232 mil hectares foi declarada como território Awa. Em 2002, quando a terra foi demarcada, apenas 117 mil hectares foram destinados para a reserva indígena. A Justiça Federal determinou, em 2005, a saída de todos os não-índios da reserva. Mas a Prefeitura de Zé Doca entrou com um mandado de segurança, e o Tribunal Regional Federal de Brasília decidiu manter os não-índios até o julgamento final do conflito.

"Que isso seja feito de um jeito que a minha população também seja lotada no seu lugar. Que 18 mil hectares de cento e tantos mil hectares eu acho que não é pedir demais", defendeu Raimundo Sampaio, prefeito de Zé Doca.

A ação dos madeireiros também seria uma ameaça á sobrevivência de pelo menos 60 índios awa-guajá que ainda não foram contatados.

"Se eles permanecem a se deslocar pela floresta, riscos de vida há com relação a ataques contra essa população", alertou Rosana Diniz, coordenadora do CIMI.

Enquanto aguardam uma solução para o conflito os índios fazem seu ritual pedindo proteção. A ida para o céu é o ritual mais importante para os awa-guajá. Eles evocam os espíritos dos antepassados para que protejam a vida na terra.

De acordo com o CIMI, dez mil famílias estariam ocupando ilegalmente a área da reserva